Cientistas da Universidade de Calgary, no Canadá, identificaram um fenômeno invisível a olho nu, mas presente em todos os seres vivos: uma emissão sutil de luz, chamada de Emissão de Fótons Ultrafraca (UPE), que desaparece com a morte. A pesquisa foi publicada em abril de 2025 no The Journal of Physical Chemistry Letters.
O que é essa luz?
A UPE é uma luz de intensidade extremamente baixa, resultado de reações bioquímicas que acontecem naturalmente nas células de seres vivos. Ela está associada à formação de Espécies Reativas de Oxigênio (ROS), moléculas que surgem como subprodutos do metabolismo celular.
Quando um organismo está sob estresse (físico, químico ou térmico) há um aumento na produção de ROS, o que pode gerar estresse oxidativo. Esse processo desencadeia a excitação de elétrons e a emissão dessa luz fraca, mas mensurável.
Como os cientistas comprovaram isso?
Os pesquisadores testaram a emissão de UPE em camundongos vivos e mortos, mantendo todos em uma temperatura constante de 37 °C, em um ambiente completamente escuro e controlado.
Foram utilizadas câmeras de alta sensibilidade, capazes de detectar fótons individuais. O resultado foi claro: os animais vivos emitiam uma luz significativamente mais intensa do que os mortos recentemente, cuja emissão era quase nula.
E nas plantas, a luz também aparece?
Sim! Os cientistas também observaram a UPE em plantas submetidas a diferentes tipos de estresse. Para isso, utilizaram câmeras diferentes, que amplificam os sinais de fótons fracos. Entre os experimentos realizados, destacam-se:
- Variação de temperatura: o aumento da temperatura intensificou a luz emitida.
- Ferimentos: folhas lesionadas emitiram mais luz do que partes saudáveis, especialmente nas áreas danificadas.
- Produtos químicos: quando as plantas foram tratadas com compostos como a benzocaína (um anestésico local), a intensidade da UPE aumentou de forma significativa.
Por que essa descoberta é importante?
A emissão de luz por seres vivos pode abrir novos caminhos para entender processos vitais, estados de estresse celular e até mesmo possíveis aplicações no diagnóstico não invasivo de doenças.
Segundo os pesquisadores, a “luz da vida” é um marcador do metabolismo ativo e seu desaparecimento com a morte biológica pode ser um novo indicador científico da vitalidade de células, tecidos e organismos como um todo.
Fonte: G1 Ciência.